Racismo ambiental e ativismo cinematográfico na animação elementos (2023)

Autores

Resumo

O artigo analisa as diferentes formas de racismo ambiental implícitas na animação Elementos (2023). A hipótese aqui explorada é que a narrativa de amor e amizade entre os personagens Faísca (uma elemental do fogo) e Gota (um elemental da água) tem como plano de fundo uma crítica profunda ao racismo ambiental. No filme, o povo do fogo enfrenta segregação e marginalização, sendo forçados a habitar a periferia da cidade. Enquanto isso, outros elementais desfrutam de ambientes estruturalmente planejados e adequados. Mais do que entretenimento, Elementos serve como um convite à reflexão sobre o racismo ambiental, promovendo uma cultura jurídica por meio de um ativismo cinematográfico que enfatiza a desigualdade de riscos ambientais em espaços urbanos com base na discriminação étnica e racial.

Palavras-chave: justiça ambiental; fantasia. cultura jurídica; racismo.

Abstract

The article analyzes the different forms of environmental racism implicit in the animation Elemental (2023). The hypothesis explored here is that the narrative of love and friendship between the characters Ember Lumen (a fire elemental) and Wade Ripple  (a water elemental) has as its background a profound critique of environmental racism. In the film, the fire people face segregation and marginalization, being forced to live on the outskirts of the city. Meanwhile, other elementals enjoy structurally planned and adequate environments. More than entertainment, Elemental serves as an invitation to reflect on environmental racism, promoting a legal culture through cinematic activism that emphasizes the inequality of environmental risks in urban spaces based on ethnic and racial discrimination.

Keywords: Environmental Justice. Fantasy. Legal culture. Racism.

Resumen

El artículo analiza las diferentes formas de racismo ambiental implícitas en la animación Elementos (2023). La hipótesis que aquí se explora es que la narrativa de amor y amistad entre los personajes Faísca (un elemental de fuego) y Gota (un elemental de agua) tiene como trasfondo una profunda crítica al racismo ambiental. En la película, la gente del fuego se enfrentan a la segregación y la marginación, viéndose obligados a vivir en las afueras de la ciudad. Mientras tanto, otros elementales disfrutan de entornos adecuados y estructuralmente planificados. Más que entretenimiento, Elementos sirve como una invitación a reflexionar sobre el racismo ambiental, promoviendo una cultura jurídica a través de un activismo cinematográfico que enfatiza la desigualdad de los riesgos ambientales en los espacios urbanos a partir de la discriminación étnica y racial.

Palabras clave: Justicia Ambiental. Fantasía. Cultura jurídica. Racismo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

André Vasques Vital, Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA)

André Vasques Vital é Doutor em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Professor Titular na Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA), atuando na Faculdade de Direito e no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (PPGSTMA). É co-autor das coletâneas “Água no Brasil: Conflitos, Atores e Práticas” (Alameda, 2019), “Tropical Imaginaries and Climate Crisis: Embracing Relational Climate Discourses” (James Cook University Press, 2021) e “More-Than-Human Histories of Latin America and the Caribbean: Decentring the Human in Environmental History” (University of London Press, 2024). Atua nos campos da Comunicação Ambiental, Ecocrítica, História Ambiental e Ontologia, com artigos publicados em revistas de alto impacto internacional como Feminist Media Studies, Journal of Historical Geography e Isle: Interdisciplinary Studies in Literature and Environment

Maria Fernanda Ferreira Giovanuci, Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA)

Graduanda em Direito e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Direito (NPDU) da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA)]

Matheus Filipe Arruda Davi, Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA)

Graduando em Direito e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Direito (NPDU) da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA).

Eumar Evangelista de Menezes Júnior, Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA)

Doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e Bacharel em Direito pela Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA). Professor Titular na Faculdade de Direito, na Faculdade de Relações Internacionais e no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente (PPGSTMA) da Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGELICA).

Referências

ADEOLA, F. O.; PICOU, S. J. Hurricane Katrina‐linked environmental injustice: Race, class, and place differentials in attitudes. Disasters, [s. l.], v. 41, n. 2, p. 228-257, 2017. DOI: https://doi.org/10.1111/disa.12204. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/disa.12204. Acesso em: 12 set. 2024.

ANDERSEN, Gregers. The cinematic anthropocene and the future politics of killing. Film-Philosophy, [s. l.], v. 26, n. 3, p. 394-410, 2022. DOI: https://doi.org/10.3366/film.2022.0207. Disponível em: https://www.euppublishing.com/doi/full/10.3366/film.2022.0207. Acesso em: 12 set. 2024.

AMARAL, J. A “cegueira branca”: exposição das trevas da civilização no cinema e na literatura. In: MIRANDA, S. P. (coord.). Cinema & humanidades: ensaios multidisciplinares. João Pessoa - PB: EdUFPB, 2020.

BULLARD, R. D. Dumping in dixie: race, class, and environmental quality. London: Routledge, 2018.

CHECKER, M. Polluted promises: Environmental racism and the search for justice in a southern town. New York: New York University Press, 2005.

SILVA, B. S. Ignorância branca e suas correlações com o racismo ambiental no Brasil. Revista Tapuia, [s. l.], v. 1, n. 2, p. 76-92, 2023. DOI: https://doi.org/10.29327/2128853.1.2-4. Disponível em: https://revistatapuia.com.br/ojs/index.php/revista/article/view/28. Acesso em 15 set. 2024.

JESUS, V. Racismo ambiental, navios de lixo e quarto de despejo: a geopolítica neocolonial ambientalmente tóxica do descarte de resíduos nos países “lixeiras do mundo”. Revista da ABPN, [s. l.], v. 14, p. 25-51, 2022. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/site/article/view/1329. Acesso em: 14 set. 2024.

DISNEY STUDIOS BRASIL. Elementos | Trailer Oficial Dublado. YouTube, 29 jun. 2023. Disponível em: <https://youtu.be/BydjQP2aFd0>. Acesso em: 6 nov. 2025.

FIGUEIREDO, A. L. “Elementos” é o filme mais desafiador da história da Pixar, diz produtora. Olhar Digital, São Paulo, 03 de dezembro de 2022. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2022/12/03/cinema-e-streaming/elementos-e-o-filme-mais-desafiador-da-historia-da-pixar-diz-produtora/. Acesso em: 27 mar. 2024.

RAMOS, I. S.; SEREJO, J. A. M. Memórias de sangue e fogo: uma leitura sobre os direitos humanos desde a animação “A Manipuladora de Fantoches”, em Avatar: A Lenda de Aang. Cadernos UNDB–Estudos Jurídicos Interdisciplinares, [s. l.], v. 6, n. 2, p. 1-19, 2023. Disponível em: https://periodicos.undb.edu.br/index.php/cadernosundb/article/view/163. Acesso em: 14 set.2024.

FORTES, P. R. B. Ativismo cinematográfico: a defesa das minorias por cineastas. Cadernos FGV Direito-RIO, Rio de Janeiro, v. 12, p. 253-269, 2015. Disponível em: https://repositorio.fgv.br/items/18719fae-9aca-4929-bf9a-78d10fe6c211. Acesso em: 15 set. 2024.

FRIEDMAN, L. M. Direito, advogados e cultura popular. Cadernos FGV Direito-RIO, Rio de Janeiro, v. 12, p. 17-50, 2015. Disponível em: https://repositorio.fgv.br/items/18719fae-9aca-4929-bf9a-78d10fe6c211. Acesso em: 15 set. 2024.

HOLIFIELD, R. Defining environmental justice and environmental racism. Urban Geography, [s. l.], v. 22, n. 1, p. 78-90, 2001. DOI: https://doi.org/10.2747/0272-3638.22.1.78. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.2747/0272-3638.22.1.78. Acesso em: 15 set. 2024.

JACOBSEN, D. R. Pensando a criança queer a partir de Tomboy. Iniciacom, [s. l.], v. 10, n. 1, p. 1-11, 2021. Disponível em: https://revistas.intercom.org.br/index.php/iniciacom/article/view/3601. Acesso em 14 set. 2024.

LENZA, P. Direito Constitucional-Esquematizado. 27° Ed. São Paulo: Saraiva Educação SA, 2023.

MEINEL, D. A Story of Social Justice? The Liberal Consensus in Monsters, Inc. (2001). In: MEINEL, D. (coord). Pixar's America: The Re-Animation of American Myths and Symbols. London: Palgrave Macmillan, 2016.

MONTEZ, M. Animação socio... quê? - Mitos e angústias em torno da denominação e do conceito de Animação Sociocultural. Revista Práticas de Animação, v. 8, n. 7, p. 7-18, 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/10286501/Anima%C3%A7%C3%A3o_socio_qu%C3%AA_Mitos_e_ang%C3%BAstias_em_torno_da_denomina%C3%A7%C3%A3o_e_do_conceito_de_Anima%C3%A7%C3%A3o_Sociocultural. Acesso em: 10 nov. 2025.

MORSE, R. Environmental justice through the eye of Hurricane Katrina. Washington, DC: Joint Center for Political and Economic Studies, Health Policy Institute, 2008.

PEZZULLO, P. C. Articulating “sexy” anti-toxic activism on screen: The cultural politics of A Civil Action and Erin Brockovich. In: DEPOE, S. (coord.). The environmental communication yearbook. London: Routledge, 2014.

RIBEIRO, L. F. Afinal, o que é isso que é a animação? C. Legenda, [s. l.], n. 37, p. 57-73, 2019. Disponível em: https://periodicos.uff.br/ciberlegenda/article/view/37990. Acesso em: 12 set. 2024.

SÁ, S. P.; CARREIRO, R.; FERRARAZ, R. Cultura pop. Salvador: EdUFBA, 2015.

TAYLOR, D. E. Toxic communities: environmental racism, industrial pollution, and residential mobility. New York: New York University Press, 2014.

VITAL, A. V. Water, gender, and modern science in the Steven Universe animation. Feminist Media Studies, [s. l.], v. 20, n. 8, p. 1144-1158, 2020. DOI: https://doi.org/10.1080/14680777.2019.1662466. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/14680777.2019.1662466. Acesso em: 14 set. 2024.

YOO, S. K. Necropolitical metamorphoses: Bong Joon-ho's, The Host and Parasite. Science Fiction Film and Television, [s. l.], v. 14, n. 1, p. 45-69, 2021. Disponível em: https://muse.jhu.edu/pub/105/article/784151/pdf. Acesso em: 11 set. 2024.

WELLS, P. Understanding animation. London: Routledge, 1998.

WENCZENOVICZ, T. J.; SIQUEIRA, R. E. A. Democracia, preconceito e racismo à luz de X-Man. In: BOLESINA, I.; GERVASANI, T.; DIAS, F. V. (coord.). O direito na cultura pop: stage 3. Porto Alegre: Editora Fi, 2017.

WERNECK, J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde e sociedade, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 535-549, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-129020162610. Disponível em https://www.scielo.br/j/sausoc/a/bJdS7R46GV7PB3wV54qW7vm/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 set. 2024.

WILSON, W. J. The truly disadvantaged: the inner city, the underclass, and public policy. Chicago: University of Chicago Press, 2012.

WESTFAHL, G. Science fiction, children's literature, and popular culture: coming of age in fantasyland. Westport, CT: Greenwood Press, 2000.

WHITLEY, D. The idea of nature in Disney Animation. Hampshire: Ashgate, 2008.

Downloads

Publicado

2025-11-14