Crescimento invisível? O aumento da população migrante em Curitiba

Autores

  • Karen Canni da Costa Drabach Fundação de Ação Social
  • Patricia Fabiana França

Resumo

O presente artigo analisa o perfil sociodemográfico da população migrante atendida pela Política de assistência social no município de Curitiba entre os anos de 2021 e 2024. A partir da sistematização dos dados dos relatórios do MigraCidades (2020, 2021, 2022 e 2023) e dados do Cadastro Único (Programa Social do Governo Federal), com recorte de 2019 a 2024 – foi possível identificar padrões de atendimento relacionados à origem, faixa etária, composição familiar, inserção socioeconômica e barreiras linguísticas. Os dados revelam um cenário de diversas vulnerabilidades, que desativam políticas públicas intersetoriais sensíveis à diversidade cultural. O artigo ainda discute os desafios da inclusão plena dos migrantes no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com base em princípios de justiça social e governança migratória local. 

Palavras-chave: migração; assistência social; Curitiba.

Abstract

This article analyzes the sociodemographic profile of the migrant population served by the social assistance policy in the city of Curitiba between the years 2021 and 2024. Based on the systematization of data from the MigraCidades reports (2020, 2021, 2022 and 2023) and data from the Single Registry (Social Program of the Federal Government), with a cut from 2019 to 2024 – it was possible to identify patterns services related to origin, age group, family composition, socioeconomic insertion and language barriers. The data reveals a scenario of diverse vulnerabilities, which deactivate intersectoral public policies sensitive to cultural diversity. The article also discusses the challenges of full inclusion of migrants in the Unified Social Assistance System (SUAS), based on principles of social justice and local migration governance.

Keywords: migration; social assistance; Curitiba.

Resumen

El presente artículo analiza el perfil sociodemográfico de la población migrante atendida por la política de asistencia social en el municipio de Curitiba entre los años 2021 y 2024. A partir de la sistematización de los datos de los informes de MigraCidades (2020, 2021, 2022 y 2023) y de los datos del Cadastro Único (Programa Social del Gobierno Federal), con un recorte de 2019 a 2024, fue posible identificar patrones de atención relacionados con el origen, la franja etaria, la composición familiar, la inserción socioeconómica y las barreras lingüísticas. Los datos revelan un escenario de múltiples vulnerabilidades, que desactivan políticas públicas intersectoriales sensibles a la diversidad cultural. El artículo también discute los desafíos de la inclusión plena de los migrantes en el Sistema Único de Asistencia Social (SUAS), con base en principios de justicia social y gobernanza migratoria local.

Palabras clave: migración; asistencia social; Curitiba.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, G. Colonialidade, interseccionalidade e crítica do trabalho no Brasil. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 276–284, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0101-6628.451. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/rzb69ppWH7Y45RvBF8xyYrr/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 jul. 2025.

BAENINGER, R. Migração internacional no Brasil contemporâneo: entre a crise e o planejamento. In: BAENINGER, R. (org.). Populações e políticas no Brasil: onde estamos e para onde vamos? Campinas: Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – NEPO/UNICAMP, 2018. p. 143–160.

BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. C. Política Social e Método. In: BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. C. Políticas sociais: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2008.

BOWEN, G. A. Document Analysis as a Qualitative Research Method. Qualitative Research Journal, v. 2, p. 27-40, 2009. DOI: https://doi.org/10.3316/QRJ0902027.

BRASIL. Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Seção 1, Ano CXXXI, n.º 233, 8 dez. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm. Acesso em: 5 jun. 2025.

BRASIL. Lei n.º 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a Lei de Migração. Diário Oficial da União, Seção 1, Ano CLIV, n.º 99, 8 dez. 1993. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13445.htm. Acesso em: 5 jun. 2025.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) com Imigrantes e Refugiadas(os). Brasília: CFP, 2017. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/06/referencias_migrantes_refugiados_web.pdf. Acesso em: 24 jun. 2025.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Psicologia, Migração e Refúgio: o compromisso ético com os direitos humanos. Brasília: CFP, 2018. Disponível em: https://site.cfp.org.br/publicacao/psicologia-migracao-e-refugio-o-compromisso-etico-com-os-direitos-humanos/. Acesso em: 24 jun. 2025.

CECAD – Consulta, Seleção e Extração de Informações do CadÚnico. Dados sobre pessoas migrantes em Curitiba, 2019- 2024. Versão 2.0. CECAD, 2024. Disponível em: https://cecad.cidadania.gov.br/sobre.php. Acesso em: 22 ago. 2024.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. Tradução Rane de Souza. São Paulo: Boitempo, 2020.

CRENSHAW, K. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171–188, 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2002000100011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ref/a/mbTpP4SFXPnJZ397j8fSBQQ/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 jul. 2025.

CRENSHAW, K. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence Against Women of Color. Stanford Law Review, v. 6, p. 1241-1299, 1991. DOI: https://doi.org/10.2307/1229039.

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-75901995000300004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rae/a/ZX4cTGrqYfVhr7LvVyDBgdb/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 25 jul. 2025.

MACHADO, G. S.; BARROS., A. F. O.; MARTINS‑BORGES, L. A escuta psicológica como ferramenta de integração: práticas clínicas e sociais em um Centro de Referência de Atendimento a Imigrantes em Santa Catarina. REMHU – Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, Brasília, v. 27, n. 55, p. 79-96, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-85852503880005506. Acesso em: 24 jun. 2025

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. In: MARSHALL, T.H.; BOTTOMORE, T. Cidadania e classe social. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p. 63–118.

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: multidimensional. São Paulo: Melhoramentos, [sem data]. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/multidimensional. Acesso em: 25 jul. 2025.

MIGRACIDADES. Perfil de Governança Migratória Local do Município de Curitiba. Porto Alegre: Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/migracidades/wp-content/uploads/2020/12/Relatorio_Curitiba.pdf. Acesso em: 5 jun. 2025.

MIGRACIDADES. Perfil de Governança Migratória Local do Município de Curitiba. Porto Alegre: Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/migracidades/wp-content/uploads/2021/02/Migracidades%E2%80%93Curitiba.pdf. Acesso em: 5 jun. 2025.

MIGRACIDADES. Relatório de Seguimento do Município de Curitiba. Porto Alegre: Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2022. Disponível em: https://www.ufrgs.br/migracidades/wp-content/uploads/2023/01/MigraSeg%E2%80%93Curitiba.pdf. Acesso em: 5 jun. 2025.

MIGRACIDADES. Relatório de Atualização de Diagnóstico MigraCidades do Município de Curitiba. Porto Alegre: Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), 2023. Disponível em: https://www.ufrgs.br/migracidades/wp-content/uploads/2024/06/MigraSimp%E2%80%93Curitiba.pdf. Acesso em: 5 jun. 2025

OLIVEIRA, G. S. de. Migração, refúgio e a atuação da psicologia: desafios ético-políticos. Psicologia em Revista, v. 25, n. 2, p. 415-431, 2019. DOI: https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2019v25n2p415-431. Disponível em: https://ojs.revistacontribuciones.com/ojs/index.php/clcs/article/view/17502/10094. Acesso em: 07 jun. 2025.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório sobre saúde mental e migração. Genebra: OMS, 2018.

SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 79, p. 78, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000300004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/ytPjkXXYbTRxnJ7THFDBrgc/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 24 jul. 2025.

SASSEN, S. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2007.

YAZBEK, M. C. Classes subalternas e assistência social. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

Downloads

Publicado

2025-11-14