CRIANÇAS LADRONAS: MÍDIA, MARGINALIDADE E PRECONCEITO RACIAL EM CAPITÂES DE AREIA
DOI:
https://doi.org/10.22169/cadernointer.v14n53.3644Resumo
Este trabalho investiga a representação da infância marginalizada na obra Capitães da Areia, de Jorge Amado, analisando como o romance evidencia a interseção entre pobreza, racismo e exclusão social. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, comparando a narrativa literária com representações midiáticas contemporâneas sobre menores infratores, a fim de identificar convergências e divergências entre ficção e realidade. Observa-se que, enquanto a literatura humaniza e denuncia as condições degradantes enfrentadas por essas crianças, a mídia frequentemente reforça estereótipos e criminaliza os jovens em situação de vulnerabilidade. A análise fundamenta-se no conceito de verossimilhança, conforme discutido por Antonio Candido, evidenciando como a ficção constrói uma representação coerente da realidade, mesmo sem reproduzi-la fielmente. Além disso, o estudo destaca a postura estratégica da literatura na crítica social, demonstrando que obras como Capitães da Areia não apenas refletem desigualdades históricas, mas também contribuem para a sensibilização e o debate público sobre a marginalização infantil.
Palavras-chave: infância marginalizada; exclusão social; racismo estrutural; literatura e crítica social; representação midiática.
Abstract
This study investigates the representation of marginalized childhood in Captains of the Sands, by Jorge Amado, analyzing how the novel highlights the intersection of poverty, racism, and social exclusion. The research adopts a qualitative approach, comparing the literary narrative with contemporary media portrayals of juvenile offenders, in order to identify convergences and divergences between fiction and reality. It is observed that, while literature humanizes and denounces the degrading conditions faced by these children, the media often reinforces stereotypes and criminalizes youth in vulnerable situations. The analysis is based on the concept of verisimilitude, as discussed by Antonio Candido, showing how fiction constructs a coherent representation of reality, even without reproducing it faithfully. Furthermore, the study emphasizes literature’s strategic role in social critique, demonstrating that works like Captains of the Sands not only reflect historical inequalities but also contribute to raising awareness and fostering public debate on child marginalization.
Keywords: marginalized childhood; social exclusion; structural racism; literature and social critique; media representation.
Resumen
Este trabajo investiga la representación de la infancia marginada en Capitanes de la Arena, de Jorge Amado, analizando cómo la novela evidencia la intersección entre pobreza, racismo y exclusión social. La investigación adopta un enfoque cualitativo, comparando la narrativa literaria con representaciones mediáticas contemporáneas sobre menores infractores, con el fin de identificar convergencias y divergencias entre la ficción y la realidad. Se observa que, mientras la literatura humaniza y denuncia las condiciones degradantes que enfrentan estos niños, los medios de comunicación suelen reforzar estereotipos y criminalizar a los jóvenes en situación de vulnerabilidad. El análisis se fundamenta en el concepto de verosimilitud, según lo discutido por Antonio Candido, evidenciando cómo la ficción construye una representación coherente de la realidad, aunque no la reproduzca fielmente. Además, el estudio destaca el papel estratégico de la literatura en la crítica social, demostrando que obras como Capitanes de la Arena no solo reflejan desigualdades históricas, sino que también contribuyen a la sensibilización y al debate público sobre la marginalización infantil.
Palabras clave: infancia marginada; exclusión social; racismo estructural; literatura y crítica social; representación mediática.
Downloads
Referências
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Jandaíra, 2019.
AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 1937.
BASTIDE, R. O novo naturalismo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.
CANDIDO, A. et al. A personagem de ficção. 2ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva.
CANDIDO, A. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 6. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
EAGLETON, T. Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
MACHADO, L. Como o Brasil trata menores infratores dos tempos do Império até hoje. BBC Brasil, 2019. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47661497. Acesso em: 27 fev. 2025.
PAULETTI, H. L. C. T.; BOTOSO, A. Adolescência e marginalização em Capitães da Areia. Revista Fólio, [s. l.], v. 4, n. 1, 2018. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/3444. Acesso em: 20 out. 2025.
SCHMIDT, S. Unidades de ressocialização de menores infratores são precárias e superlotadas no Rio. O Globo, 2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/unidades-de-ressocializacao-de-menores-infratores-sao-precarias-superlotadas-no-rio-21430866. Acesso em: 27 fev. 2025.
SILVA, A. A. Jorge Amado em tempos de militância (1930-1933). Revista Espaço Livre, [s. l.], v. 7, n. 13, p. 07-14, 2022. Disponível em: https://redelp.net/index.php/rel/article/view/620/. Acesso em: 20 out. 2025.
SINIGAGLIA, B.; ALVES, C. R. S. Injustiças sociais e marginalização, sob a ótica de Capitães da Areia de Jorge Amado. Cruz Alta: Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), 2017. Pesquisa vinculada ao GEPELC – Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Linguagens e Comunicação.
SOUZA, J. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Thays Carvalho Cesar, Emilly Marielle de Almeida Ferreira Aquino

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
